21/11/2023 às 12h16m - Atualizado em 21/11/2023 às 19h22m
Policiais do Bope são presos por invadirem casa e matar dois homens no Recife
Uma câmera de segurança registrou o momento em que os PMs chegaram e arrombaram a porta da casa onde estavam as vítimas. Momentos depois saíram da residência com um corpo enrolado em um lençol.
Nove policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) envolvidos na ação que resultou nas mortes de dois homens, na comunidade do Detran, no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, na noite dessa segunda-feira (20), foram presos em flagrante por invasão de domicílio. Os PMs foram autuados pela Polícia Judiciária Militar.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que os policiais chegaram e arrombaram a porta da casa onde estavam as vítimas. Mulheres e crianças foram tiradas do local e, depois, houve os disparos de tiros. Momentos depois, os militares saíram da residência com um corpo enrolado em um lençol.
As vítimas foram identificadas como Bruno Henrique Vicente da Silva, de 28 anos, e Rhaldney Fernandes da Silva Caluete, 32. Eles chegaram a ser levados para a UPA da Caxangá, mas já estavam mortos.
Familiares das vítimas afirmaram que não houve troca de tiros - como alegaram os policiais.
Os parentes disseram que os policiais entraram na casa, renderam e atiraram nas vítimas. "Houve um ato de covardia. A gente não sabe nem o motivo disso. Eles não eram traficantes, não tem nada disso. Não havia mandado de prisão nenhum contra ninguém aqui", contou o irmão de Bruno, que preferiu não se identificar.
"Meu irmão estava em casa, tranquilo. Os policiais entraram, mandaram as mulheres saírem com as crianças e depois dispararam os tiros. Ainda atiraram de dentro para fora para simular que meu irmão e o amigo dele atiraram", completou.
Outro parente cobrou um posicionamento do governo do Estado sobre a ação policial. "Não houve troca de tiros. Como houve troca de tiros se houve tempo de tirar as mulheres e crianças? Não havia armas, não havia drogas."
Dois promotores de Justiça serão designados, nesta terça-feira (21), pela Procuradoria-Geral de Justiça para acompanhar as investigações do caso.
Em nota oficial, a Polícia Civil de Pernambuco afirmou que relatos indicaram que os homens estariam com armas de fogo e entorpecentes, quando foram abordados pelo efetivo. "Houve troca de tiros entre as vítimas e o efetivo policial. As vítimas foram socorridas, porém não resistiram aos ferimentos. As investigações seguem até o esclarecimento total do caso."
Já a Polícia Militar alegou que, na ação, foram apreendidos 527 gramas e mais 28 pequenas porções de maconha, 150 pedras de crack, uma balança de precisão, dois revólveres calibre 38 e 12 munições, sendo nove deflagradas.
Disse ainda que os policiais serão ouvidos pela Diretoria de Polícia Judiciária Militar e que "será apurado se houve quebra dos protocolos policiais, para que se possa definir responsabilidades na operação".
Fonte: JC Online