17/11/2022 às 04h20m - Atualizado em 17/11/2022 às 07h40m
Auxiliar de pedreiro de 19 anos desaparece após abordagem da Polícia Militar no Centro do Recife
PM diz que rapaz pulou no rio, mas um amigo do jovem, que presenciou o caso, afirmou que ele foi baleado por policiais. Lucas Elifaz sumiu no domingo (13).
Foto: Reprodução/WhatsApp
Um jovem de 19 anos desapareceu depois de uma abordagem da Polícia Militar (PM), no domingo (13), no bairro do Derby, na região central do Recife. A corporação afirma que o jovem, chamado Lucas Elifaz, pulou no rio com um amigo, para fugir dos policiais. A família, no entanto, contestou essa versão, e afirmou que ele foi atingido por um tiro.
Lucas mora no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste, e, por volta das 11h30 do domingo, saiu com um amigo, que não teve o nome divulgado, para ir a um evento no Bairro do Recife, no Centro. Eles pegaram um ônibus da linha CDU/Boa Viagem (Caxangá) e desceram na Praça do Derby, para embarcar em outro coletivo.
Foi aí que eles encontraram os PMs. A polícia diz que estava conduzindo um suspeito de porte de drogas quando "se deparou" com uma tentativa de assalto. "Os suspeitos, ao avistarem o policiamento, empreenderam fuga e pularam no rio Capibaribe, não mais sendo vistos", afirmou a PM.
A advogada Ariana Andrade, que auxilia a família de Lucas Elifaz, disse que o amigo do rapaz contou que a abordagem policial foi violenta, e que somente ele pulou no rio. Lucas, por sua vez, teria sido baleado.
"O amigo de Lucas disse que eles estavam sem bicicleta alguma, e que teriam sido abordados, acredito, pelas características físicas deles. Em um momento, começaram a agredir os jovens, e eles correram em direção à Fundação Joaquim Nabuco. Um dos PMs atirou, Lucas foi atingido e caiu. O outro jovem pulou no rio e ficou escondido por um tempo, até que conseguiu nadar até a outra margem", declarou a advogada.
A PM, por meio de nota, negou que tenha havido disparo de arma de fogo, e disse que acionou o Corpo de Bombeiros para localizar os jovens, sem sucesso.
A mãe do auxiliar de pedreiro, Sandra Santana, disse que o amigo de Lucas, ao chegar em casa, contou sobre a abordagem. Desde então, ela não teve nenhuma notícia do filho. Foram feitas buscas em hospitais, delegacias, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e até no Instituto de Medicina Legal (IML). O jovem não estava em nenhum desses lugares.
"Tenho mais seis filhos, além dele. Estão todos, junto com o pai dele e amigos, tentando encontrar Lucas. Estou só a misericórdia. Ele é um menino brincalhão, alegre, que não mede distância para ajudar as pessoas", afirmou a mãe.
O local em que Lucas foi visto pela última vez fica próximo à Fundação Joaquim Nabuco do Derby, às margens do Rio Capibaribe. Lá, a família encontrou um chinelo que, segundo os parentes, pertence ao jovem.
A advogada Adriana Andrade reclamou de supostas respostas conflitantes dadas pela PM desde o sumiço do garoto, com base em ocorrências do Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciods).
"A família foi na Central de Plantões da Capital, e não havia nenhum registro. No Hospital da Restauração, disseram que a PM levou um jovem sem vida, e, por isso, foram no IML, mas não era Lucas. Inicialmente, a PM nos disse que não tinha registro dessa ocorrência. Depois, consegui informações do Ciods e, então, a PM falou sobre a ocorrência, mas falando somente de um dos jovens. Hoje, já tem outra nota enviada à imprensa, falando sobre os dois", disse a advogada.
Por meio de nota, a PM disse que "os fatos serão investigados em toda sua extensão pela Diretoria de Polícia Judiciária Militar".