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15/11/2023 às 13h54m - Atualizado em 16/11/2023 às 20h04m

90% das vítimas de violência policial em Pernambuco eram negras, aponta estudo

Do total de casos registrados no ano passado, 67% dos óbitos foram de adolescentes e jovens

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As vítimas de violência policial em Pernambuco têm um perfil definido: em geral, são negras e com idades entre 12 e 29 anos. É o que mostra o novo levantamento da Rede de Observatórios da Segurança, divulgado nesta quinta-feira (16). 

No ano passado, o Estado registrou 91 mortes decorrentes de intervenção policial. Em 87 dos casos, os boletins de ocorrência informaram a cor e a raça das vítimas. O estudo apontou que 90% delas eram negras. Além disso, 67% eram adolescentes ou jovens. 

Segundo Censo do IBGE 2023, 65,09% da população pernambucana se identifica como negra - o que reforça que a quantidade de mortes de pessoas com essa cor é muito superior. 

O boletim "Pele Alvo: a bala não erra o negro", produzido anualmente, indicou ainda que Pernambuco apresenta uma porcentagem de negros vítimas da violência policial acima da média nacional.  

De 3.171 registros de morte em oito estados brasileiros analisados, com informação de cor/raça declaradas, os negros somaram 87,35% (2.770 pessoas).

Nesta edição, além de Pernambuco, foram avaliados os números e registros de Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.

"MARGINALIZADOS E SEM DIREITOS"

"É perceptível o quanto a violência toma uma nova forma ao chegar na juventude. Marginalizados e sem direitos e acessos básicos, corpos negros nas periferias são alvos de execuções brutais pela polícia, tendo o racismo como motor para esses eventos de violência", afirmou a socióloga Edna Jatobá, que coordena o Observatório em Pernambuco.

"Seja na capital ou nas demais cidades, a dinâmica do racismo tem historicamente estigmatizado corpos negros, majoritariamente jovens, sobretudo nas ações realizadas pelas polícias. O descaso é ainda maior quando os casos acontecem no interior do Estado, pois existe uma enorme falta de assistência e políticas públicas voltadas para essas regiões", completou.

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