26/10/2023 às 05h48m - Atualizado em 26/10/2023 às 07h29m
Detentos de Pernambuco lideram facção que movimentou quase R$ 500 milhões, diz polícia
Operação, nesta quarta-feira (25), cumpriu 49 mandados de prisão preventiva, sendo 17 em presídios do Estado. Ao todo, há 140 investigados
Detentos espalhados por presídios de Pernambuco estavam comandando um grupo criminoso especializado em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, que envolve empresas de fachada e fantasmas e até criptomoedas. O grupo, que teria ligação com a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), movimentou quase R$ 500 milhões em apenas dois anos, segundo a Polícia Civil.
A informação foi revelada, em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (25), na sede da Polícia Civil, na área central do Recife, após a realização de uma operação para cumprir 66 mandados de prisão preventiva em 14 estados do País. Mais de 340 policiais civis e federais participaram.
As investigações tiveram início em outubro de 2022, após a polícia prende em flagrante um homem com cerca de 23 quilos de cocaína no bairro de Jardim São Paulo, no Recife. A quantidade chamou a atenção do delegado José Custódio.
"Pelo histórico do suspeito, que não trabalhava, resolvi prosseguir com a investigação. Ao longo do inquérito, descobrimos que havia presidiários financiando o varejo de drogas da Região Metropolitana do Recife", afirmou o delegado.
Com o avanço das investigações, a polícia descobriu que o grupo era articulado e envolvida ao menos 20 estados do País.
"No primeiro momento existia o tráfico de drogas, mas também a lavagem de dinheiro, que acontecia por meio de empresas de fachada, que trabalhavam com eventos, mídias sociais e até comércio de ouro. Também existiam empresas fantasmas, que são aquelas que na prática não existem. Encontramos, por exemplo, várias 'empresas' cadastradas no mesmo endereço", explicou.
Segundo o delegado, 140 pessoas são investigadas no inquérito, que ainda não foi concluído. Até agora, foi confirmada a movimentação de R$ 471.822.306,26.
O inquérito policial identificou que vários detentos conseguiram movimentar milhões mesmo atrás das grades. Um deles chegou a somar mais de R$ 3 milhões em transações bancárias entre os anos de 2021 e 2022.
"Por meio do trabalho investigativo, identificamos que havia comunicação dos detentos por meio de conversas no WhatsApp. Também descobrimos extratos bancários com esses valores", afirmou o delegado.
Um dos homens investigados dobrou o valor da conta bancária enquanto permanecia preso.
"Também descobrimos que esses presidiários faziam movimentações com criptomoedas. Na operação de hoje (quarta-feira), solicitamos à Justiça o bloqueio de criptoativos de ao menos nove pessoas", completou.
Ao todo, 17 mandados de prisão preventiva foram cumpridos contra detentos em vários presídios do Estado. O Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel) e o Presídio de Igarassu, ambos no Grande Recife, e o Presídio de Limoeiro, no Agreste, foram alguns dos visitados pelos policiais nesta quarta-feira.
As investigações foram conduzidas com apoio da Diretoria de Inteligência e pelo Laboratório de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil de Pernambuco. Também houve apoio operacional da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), da Polícia Federal.