12/10/2022 às 01h49m - Atualizado em 12/10/2022 às 03h01m
Governador de Alagoas, é alvo de operação policial e afastado do cargo pelo Superior Tribunal de Justiça; Paulo Dantas disputa a reeleição pelo MDB
Operação Edema, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF), investiga suposto desvio de R$ 54 milhões por meio de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa do estado.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), que nesta terça-feira (11) foi alvo de uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) que investiga um suposto desvio de R$ 54 milhões por meio de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa do estado.
Em nota à imprensa, Paulo Dantas chamou a operação de 'encenação' e disse que vai recorrer da decisão: "O recurso judicial será firme".
A PF cumpriu 31 mandados de busca e apreensão nesta terça. Entre os endereços estão a Assembleia Legislativa, a sede do governo, as casas de Dantas e de parentes dele. Foram apreendidos R$ 100 mil em espécie na casa de Paulo Dantas, R$ 14 mil com ele em um hotel em São Paulo e R$ 150 mil na casa de um cunhado dele.
A operação, batizada de Edema, apura supostos desvios de recursos públicos desde 2019. Segundo as investigações, os principais beneficiários dos desvios milionários na ALE teriam sido o governador e sua esposa, a prefeita da cidade de Batalha, Marina Thereza Dantas. A irmã de Paulo Dantas também está entre os investigados.
Segundo a Polícia Federal, parte do valor desviado foi utilizada para pagamentos de despesas pessoais, pagamento de advogados, transferências a familiares e compra de bens.
Dantas concorre ao segundo turno para o governo de Alagoas contra Rodrigo Cunha (União Brasil). A disputa representa a briga entre os grupos políticos mais importantes atualmente no estado. O primeiro é o candidato do senador Renan Calheiros (MDB), enquanto Cunha é apoiado pelo deputado federal Arthur Lira (PP).
Horas após a operação que afastou Dantas do cargo, o senador Renan Calheiros (MDB) postou em seu perfil no Twitter que Alagoas "é vítima do uso político da PF e do abuso de autoridades" e que a investigação em questão "foi parar no STJ por uma armação do [deputado federal Arthur] Lira e lá perambulou por vários gabinetes até cair nas mãos certas da ministra bolsonarista Laurita Vaz, que não tem competência para o caso".
O afastamento de Paulo Dantas (MDB) do cargo não o impede de disputar a reeleição em segundo turno, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas. Contudo, como o afastamento é de 180 dias, caso seja reeleito, o governador deverá permancer afastado nos primeiros meses de um eventual novo mandato, e quem assumiria seria o vice na chapa.
Além das buscas, a Justiça ainda determinou o sequestro de bens e valores dos envolvidos no total desviado, R$ 54 milhões. Eles são suspeitos de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. A apuração corre em sigilo.
Na decisão, o STJ afastou Dantas do cargo por 180 dias. Com isso, o vice-governador José Wanderley Neto (MDB), assume o cargo, porém, só até 31 de dezembro deste ano, já que foi eleito deputado estadual. O candidato a vice de Paulo Dantas para o novo mandato é Ronaldo Lessa (PDT).
A Justiça determinou também que o governador e os demais investigados, que não tiveram os nomes divulgados, não mantenham contato entre si e não frequentem os órgãos públicos citados na apuração.
Dantas tem 43 anos, é governador de Alagoas e disputa a reeleição para o cargo. Ele foi prefeito da cidade de Batalha, que hoje está sob o comando de sua esposa, por dois mandatos até 2018, quando foi eleito deputado estadual. No primeiro turno, ficou à frente da disputa contra Rodrigo Cunha (União).
Fonte: G1 Alagoas