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25/08/2019 às 07h28m - Atualizado em 25/08/2019 às 08h19m

Após 9 horas de cirurgia, jovem que perdeu couro cabeludo em kart é levada a CTI em Ribeirão Preto

Médicos retiraram pele e músculo das costas e reimplantaram na cabeça de Débora de Oliveira. Cirurgião plástico estima mais 20 procedimentos entre agosto e setembro até cicatrização total.

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Após nove horas de cirurgia, a jovem Débora Dantas de Oliveira, de 19 anos, que teve o couro cabeludo arrancado em um acidente de kart em Recife (PE), foi levada ao Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Especializado em Ribeirão Preto (SP) no fim da tarde deste sábado (24). As informações são do G1.

Débora foi submetida a um transplante de pele e músculo, retirado das costas dela mesma. Segundo o cirurgião plástico Daniel Alvares Lazo, coordenador da equipe médica, a jovem pernambucana deve passar por outras cirurgias sequenciais até a recuperação total.

“Troca-se o curativo três vezes por semana. Depois, esses curativos vão se alongando e vão ser feitos procedimentos complementares para fazer a cicatrização total da ferida. Então, nesses primeiros meses, agosto e setembro, haverá 18, 20 procedimentos, talvez mais”, afirma.

Lazo explica que as cirurgias que serão realizadas nas próximas seis semanas têm como objetivo garantir a cicatrização da pele, assim como a função muscular e o aperfeiçoamento estético. A equipe já afirmou que Débora precisará de uma prótese capilar.

“São procedimentos pra resolver o problema agudo. O que acontece é que sempre existem deformidades residuais pós-transplante, isto é, cicatrizes que não são das melhores, deformidades, abaulamentos do músculo das costas em relação ao couro cabeludo”, detalha.

Equipe especializada

O microcirurgião Alex Boso Fioravante, que integra a equipe, diz que o Hospital Especializado de Ribeirão Preto é referência em tratamentos como o que a jovem está recebendo. Ao todo, dois anestesistas e cinco microcirurgiões participaram do procedimento neste sábado.

“O sucesso dessa cirurgia é fazê-la pelo menos todas as semanas e ter uma equipe sempre disponível para fazer qualquer diagnóstico precoce, caso haja qualquer intercorrência, e isso a gente tem aqui. Por isso nossa taxa de sucesso é tão alta”, afirma.

Os médicos também precisaram religar artérias e veias, para garantir o fluxo de sangue no local. A equipe precisou de destreza, afinal, os vasos sanguíneos têm cerca de dois milímetros de espessura e os fios cirúrgicos são seis vezes mais finos que um fio de cabelo.

“Muito complicado. Pense, todo esse músculo será nutrido por apenas uma artéria e drenado por apenas uma veia, então qualquer dano que acontecer ali pode levar a uma perda, mas a gente está muito acostumado e bastante confiante”, afirma Fioravanti.

Tratamento

Além das cirurgias, Débora está sendo submetida a um tratamento em câmara hiperbárica. Dentro desse equipamento, o paciente fica exposto a oxigênio 100% puro e em pressão maior que a atmosférica. O objetivo das sessões é auxiliar no processo de cicatrização.

“É como se fosse um mergulho. Respiramos oxigênio a 21%. Na câmara, você vai entrar em mergulho, onde o oxigênio vai ficar a 100%”, afirma Lazo. “Você está em uma bolha de vidro, relativamente grande, é confortável como qualquer cama de solteiro”, completa.

O tratamento, chamado oxigenoterapia, melhora a irrigação dos tecidos e reduz a inflamação. O cirurgião ortopedista Salomão Chade explica que as sessões na câmara hiperbárica duram de 40 a 60 minutos e são feitas em dias alternados.

“Esse tratamento é feito ao longo do tempo. O paciente faz várias sessões diárias, ou em dias alternados. No caso dela, no dia da cirurgia ela não faz, mas fez na véspera, daí dois dias ela pode voltar a fazer. É feito em paralelo ao tratamento cirúrgico”, afirma.

O acidente

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Débora participava de uma corrida de kart com o namorado na tarde de 11 de agosto, em uma pista no estacionamento do Walmart, em Boa Viagem, na zona Sul do Recife, quando o cabelo dela, que era na altura da cintura, soltou da touca e ficou preso no motor.

A pele foi arrancada desde a altura dos olhos até a nuca da jovem, que foi socorrida pelo namorado e levada ao Hospital da Restauração, na capital pernambucana. Tumajan disse que pegou "o rosto dela na mão", colocou em uma sacola e correu para levá-la ao hospital.

O reimplante foi feito no atendimento de emergência. Os médicos conseguiram recuperar e reimplantar 80% da área atingida. Após o reimplante, Débora ainda passou por outra cirurgia para a retirada de trombos que surgiram.

Os médicos haviam apontado o risco de o procedimento inicial não funcionar devido a obstruções em veias e artérias. Especialista em microcirurgia, o norte-americano Marco Maricevich, que acompanhava o caso à distância, sugeriu a transferência de Débora a um centro de referência.

No último domingo (18), Débora deixou o Hospital da Restauração e foi transferida em um avião particular de pequeno porte para Ribeirão Preto. A aeronave pousou no Aeroporto Leite Lopes no fim da tarde e uma ambulância levou a jovem até o Hospital Especializado.

Na mesma noite, os médicos confirmaram que coágulos em veias e artérias prejudicaram o reimplante do couro cabeludo, que precisou ser retirado. O crânio foi coberto com um curativo, que chegou a ser refeito na última terça-feira (20).

Na quinta-feira (22), os médicos do Hospital Especializado reconstruíram as pálpebras superiores e parte da testa de Débora, que seguia internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), apesar de consciente e orientada.

 

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