13/07/2024 às 03h32m
Duas operações policiais desarticularam uma milícia privada que extorquia dinheiro de cerca de 100 comerciantes na cidade de Abreu e Lima, uma das maiores cidades da Região Metropolitana do Recife. A organização criminosa cobrava “taxas de proteção” que variavam entre R$ 40 e R$ 50 por semana.
A investigação resultou na prisão de 13 pessoas, sendo oito policiais militares, seis na ativa e dois reformados. Um dos PMs reformados é ex-vereador de Abreu e Lima, ele é apontado como o líder do grupo.
As informações foram repassadas nesta sexta-feira (12), em coletiva de imprensa no Prédio da Polícia Civil, na área central do Recife.
Como foi
Segundo a Polícia Civil, a investigação começou em 2019, após o PM Joelson Ferreira da Silva ser morto em uma briga de bar com um outro policial.
Jorge Pinto, SubChefe do GOE, explicou que após a deflagração desse homicídio, foi possível iniciar a investigação de uma milícia privada em Abreu e Lima. O delegado afirmou que a milícia agia na região há mais de dez anos.
“Sob o pretexto de fazer uma segurança privada, esse grupo recolhia “taxas de proteção” de comerciantes e moradores de Abreu e Lima. Quem se recusasse a pagar, teria o estabelecimento saqueado. Pelo que pudemos observar, não havia espaço para recusas”, disse na coletiva.
Conforme a Polícia, há relatos de comércios que foram saqueados como forma de pressão e intimidação para garantir o pagamento. Os policiais envolvidos patrulhavam a área e realizavam a cobrança das taxas nos estabelecimentos comerciais.
Líder
Segundo a Polícia, as informações iniciais apontam que um ex-policial militar e ex-vereador de Abreu e Lima, seria o principal articulador desse esquema.
“Para esse suspeito, estão sendo atribuídos dois crimes: a construção da milícia e a rachadinha, enquanto ex-vereador”, explicou o delegado José Tenório, Chefe do GOE.
“A gente apurou que um dos alvos, enquanto servidor público, ele se apropriava de parte do salário que era pago aos seus assessores. Então, era uma condição para o assessor se manter no cargo comissionado, era que repassasse parte do pagamento a ele todo mês”, disse Jorge Pinto.
Operações
A Operação Derrama resultou na expedição de nove mandados de prisão e nove de busca e apreensão domiciliar. A apuração começou em 2023. Os nove envolvidos nesta operação, sendo sete PMs, responderão por milícia privada. Já o ex-vereador, responderá por peculato, crime caracterizado quando servidor público tenta obter vantagem usando o cargo.
Na Operação Escudeiros II cumpre quatro mandados de prisão e três de busca e apreensão. Os quatro detidos, incluindo um PM, responderá por homicídio e dupla tentativa de homicídio.