11/05/2022 às 08h02m - Atualizado em 11/05/2022 às 12h38m
Mulher é registrada como morta no dia do seu casamento e corpo foi enterrado com seu nome
No cartório consta que Vilma Maria de Santana Marques da Silva, de 56 anos, morreu de pancreatite na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Tabajara, em Olinda, em 2018
No atestado de óbito consta que Vilma Maria de Santana Marques da Silva, de 56 anos, morreu de pancreatite na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Tabajara, em Olinda, em 2018 e teria sido enterrada no cemitério de Guadalupe, na mesma cidade.
Ela é empregada doméstica e mora no bairro de Sapucaia, também em Olinda. A certidão foi preenchida com os documentos oficiais da mulher, além dos nomes do pai e mãe, que também são verdadeiros.
Até a guia de remoção de cadáver da UPA foi expedida. O mistério é que dona Vilma Maria está mais viva do que nunca.
De acordo com a reportagem apresentada pela TV Jornal, a doméstica nunca deu entrada na unidade de saúde na data do óbito. Muito pelo contrário. No dia 21 de fevereiro de 2018 ela estava no cartório se casando com o atual marido.
Mulher descobriu fato ao tentar solicitar Benefício Sociala
A doméstica contou que só descobriu que constava como morta quando teve seu Auxílio Emergencial negado devido o CPF cancelado.
De acordo com Inajá Lima, advogada de Vilma Maria, nos registros de prontuários da UPA, consta a entrada de uma mulher desconhecida às 13h09 do dia 21 de fevereiro de 2018, tendo óbito declarado às 19h55 do mesmo dia.
"Por motivos desconhecidos, os dados cadastrais de Vilma Maria, indevidamente, foram utilizados no referido atendimento. Frise-se, o próprio serviço social da unidade hospitalar descreveu na ficha de evolução clínica, no dia 22/02/2018, que a usuária falecida estava sem documentação de identificação, e que a funerária havia se recusado a buscar o corpo”, revelou.
A resposta que dona Vilma busca é de como os seus dados cadastrais foram utilizados sem a seu conhecimento.
Corpo enterrado
A advogada ainda salienta a importância de uma resposta por parte da justiça, pois a pessoa que foi enterrada com os dados de Vilma, pode está sendo procurada pela família.
"Se esse corpo existir, a senhora está lá enterrada no cemitério de Guadalupe e ninguém sabe quem é. Ninguém sabe se a família desta senhora está procurando ela. O Estado precisa responder a sociedade esta questão", disse a advogada.
Inajá Lima acredita que a questão pode ter sido provocada por uma fraude ou por uma sequência de negligências causadas pelo fato de servidores das partes envolvidas não terem verificado os documentos.
"A gente observa que foi rastro de negligências e isso traz uma consequência séria. Hoje a gente não sabe se isso é fruto de uma fraude, a gente não sabe se isso é objeto de um homicídio ou não se sabe se foi um erro", completou.
A defesa cobra das partes a anulação da certidão de óbito, cancelar o registro público feito no cartório e pagar uma indenização por danos morais e materiais - pois ela deixou de receber o Auxílio Emergencial - e corrigir a certidão de casamento, pois hoje Dona Vilma consta como morta e seu esposo como viúvo.