09/05/2024 às 09h51m - Atualizado em 10/05/2024 às 08h39m
Policial é demitido da corporação acusado de abusar de criança autista em sessões de terapia no Ceará
Agente, que também era psicólogo, era tio da vítima. Ele teria mostrado vídeos pornográficos ao menino, que tem 11 anos, e praticado atos libidinosos. Policial negou as acusações
Caso foi investigado pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca). Imagem meramente ilustrativa
Um policial civil foi demitido da corporação acusado de abusar sexualmente de uma criança de 11 anos, que é autista, durante consultas psicológicas. A demissão foi publicada nessa terça-feira, 7, no Diário Oficial do Estado (DOE) e é assinada pelo governador Elmano de Freitas (PT).Conforme a portaria publicada no DOE, a violência sexual teria ocorrido no município de Bela Cruz (Litoral Norte do Estado), aproximadamente, entre setembro de 2021 e março de 2022. O policial, que também é psicólogo, realizava os atendimentos em um consultório particular.
A vítima era sobrinho do acusado. Conforme testemunho de uma parente da criança, foi percebido, durante o período em que a vítima era atendida pelo psicólogo, uma mudança em seu comportamento. Ele teria passado a acessar vídeos pornográficos e a se masturbar, além de manifestar “atitudes estranhas, de isolamento e agressividade”.Após dizer, inicialmente, que uma prima havia indicado o material pornográfico, a criança relatou que havia sido orientada pelo acusado a assistir tal tipo de conteúdo, que era, inclusive, enviado a ela em seu celular.
“A criança relatou que assistia aos referidos vídeos durante o atendimento psicológico e mencionou condutas praticadas pelo processado caracterizadoras de abuso sexual, como masturbação, toques em órgãos genitais, além de outros atos libidinosos, fazendo uma descrição minuciosa dos atos a que foi submetido”, consta na portaria.Os depoimentos também indicaram que a criança passou a ter a sua saúde mental afetada por causa dos abusos. Relatórios de um psicólogo e de um psiquiatra atestaram que a vítima apresentava sintomas compatíveis com estresse pós-traumático, já que evitava sair de casa ou ter contatos com outras pessoas, tinha pesadelos recorrentes e apresentava sintomas depressivos.
Testemunhas ainda apontaram que a criança disse que era ameaçada pelo policial, que afirmava, por exemplo, que mataria familiares dele caso houvesse denúncia. Laudo pericial não constatou a violência sexual, entre outros motivos, por causa do tempo decorrido entre os abusos e a denúncia.
Em seu depoimento, o policial e psicólogo negou as acusações. Ele questionou a escuta especializada realizada por profissionais no âmbito do Ministério Público Estadual (MPCE), alegando que o tempo da escuta foi inferior ao necessário, assim como o método adotado era inapropriado.
Também foi citado um desentendimento entre ele e a mãe da vítima, por causa de uma sociedade comercial que foi desfeita, motivo o qual teria levado o profissional a encerrar os atendimentos psicológicos. O acusado ainda destacou que a mãe da criança sempre ficava na clínica durante o atendimento ao filho. Outro depoimento, porém, foi no sentido de que, durante as sessões de terapia, o psicólogo ficava a sós com a criança e que na clínica onde as consultas ocorriam não costumava haver outros pacientes, pois os atendimentos ocorriam aos sábados.
Na esfera criminal, após investigação da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca), o policial e psicólogo também foi condenado. Em 9 de janeiro último, ele foi condenado, em primeira instância, a 15 anos, 2 meses e 10 dias de prisão. Além disso, o acusado foi sentenciado ao pagamento de R$ 20 mil a título de danos morais.Ele recorre da decisão em liberdade, mas teve suspenso o registro profissional de psicólogo.
Fonte: O POVO