01/05/2021 às 18h03m - Atualizado em 03/05/2021 às 14h10m
Morre mais uma mulher após dar à luz na Maternidade Doutor Tito Ferraz, em Timbaúba
Família da paciente do segundo caso diz que o mesmo médico fez os dois partos. O MPPE deve investigar e esclarecer a população o convênio entre a Prefeitura e o Hospital
Nesta sexta-feira (30), morreu mais uma mulher após dar à luz na Maternidade Doutor Tito Ferraz, que fica no Hospital Memorial Doutor João Ferreira Lima, em Timbaúba, Mata Norte de Pernambuco. Amanda Ramos de Melo, de 34 anos, era moradora da cidade de Carpina, e após complicações pós-parto foi socorrida para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Timbaúba. Devido a gravidade, ela precisou ser transferida para uma unidade médica de Nazaré da Mata, mas não resistiu e morreu por volta das 23h40.
Durante o procedimento, o médico responsável pelo parto de Amanda Melo faria uma laqueadura por meio de uma ligadura das trompas. No entanto, foi realizado um procedimento chamado histerectomia, que é quando o útero é retirado por completo.
"Ela estava com 40 semanas, teve uma gravidez comum, era saudável e fez o pré-natal. Os problemas já começaram com a histerectomia, que não foi combinada com ela. O médico foi o mesmo do outro caso em que a mulher morreu dois dias antes. Ela saiu da sala de cirurgia e foi para o quarto. Amamentou o filho e aí passou a ter hemorragia e paradas cardiorrespiratórias", disse a prima de Amanda Ramos, a bacharela em direito Karla Rayane Prazeres.
O bebê, chamado Gabriel, foi o segundo filho de Amanda Ramos. Ele passa bem e não teve nenhum problema após o nascimento. Apesar de morar em Carpina, também na Zona da Mata, a mulher decidiu fazer o parto no hospital de Timbaúba para fazer a laqueadura.
"A maternidade não tem Unidade de Terapia Intensiva e não tem condições de fazer um procedimento desse tipo. Ainda em Timbaúba, decidiram transferir ela para o Hospital das Clínicas, no Recife. Mas, logo que ela entrou na ambulância, piorou e precisou ser levada para a UPA de Timbaúba. De lá, foi transferida para o Hospital Ermírio Coutinho, em Nazaré da Mata. Lá ela morreu", disse a prima da mulher.
O corpo de Amanda Ramos foi levado para uma unidade de saúde de Carpina e, posteriormente, foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal, no Centro do Recife, onde passou por perícias. O enterro ocorreu na tarde deste sábado (1º), no Cemitério de Carpina.
Sobre esse segundo caso, a Polícia Civil informou que não localizou "o registro de ocorrência com os dados fornecidos".
O advogado Gilderson Correia, que acompanha os dois casos, disse que vai solicitar à Justiça a interdição da maternidade. "O Ministério Público precisa intervir no fechamento total da maternidade. Vou requerer uma liminar, em tutela de urgência, para que isso não volte a acontecer", afirmou.
A prima de Amanda Ramos contou que a família inteira está desolada e que pretende buscar na Justiça a punição do médico que fez o parto.
"É mais uma perda. Uma mãe sem consolo, duas crianças sem mãe, uma família desamparada e um médico solto, correndo risco de fazer o mesmo com outras famílias. Vamos fazer de tudo para que isso não fique impune, porque é quase que uma obrigação fazer com que isso não se repita", disse Karla Rayane.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) deve investigar e esclarecer a população o convênio entre a Prefeitura de Timbaúba e o Hospital Memorial Doutor João Ferreira Lima.
Fonte: G1 PE