09/04/2018 às 12h41m - Atualizado em 10/04/2018 às 11h42m
Operação investiga manipulação de resultados do Campeonato Paraibano de Futebol
Os envolvidos estão sendo investigados pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, manipulação de resultados e crimes do estatuto do torcedor.
Uma operação deflagrada na madrugada desta segunda-feira (9), na Paraíba, investiga a manipulação do resultado de jogos no Campeonato Paraibano de Futebol. Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPPB), cumprem em cinco cidades 39 mandados de busca e apreensão. À Operação, foi dada o nome de ‘Cartola’.
Os envolvidos estão sendo investigados pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, manipulação de resultados (crimes do estatuto do torcedor) e por outras condutas sob apuração. Os 39 mandados judiciais foram cumpridos nas cidades de João Pessoa, Bayeux, Cabedelo, Campina Grande e Cajazeiras. A ação contou com a atuação de 230 policiais civis de diversas cidades da Paraíba.
Entre os locais onde a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão estão propriedades de pessoas ligadas ao Botafogo-PB, clube que conquistou o bicampeonato estadual nesse domingo (9), ao vencer o Campinense por 2 a 0, no Estádio Almeidão, em João Pessoa. As ações aconteceram nas casas do presidente do clube, o ex-vereador Zezinho do Botafogo, e do vice, Breno Morais. Ainda na Capital, foram cumpridos mandados judiciais nas residências do presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Amadeu Rodrigues, e da ex-gestora da entidade, Rosilene Gomes.
O representante do departamento jurídico da FPF, Hilton Souto Maior, negou que a entidade esteja envolvida em qualquer esquema criminoso. “Estamos à disposição da Justiça para colaborar. Não existe isso [desvio de dinheiro e manipulação de resultados]. A Federação prestou contas à Confederação Brasileira de Futebol, inclusive no Ministério dos Esportes, e foi publicado no Diário Oficial da União todo balancete dos anos 2015 e 2016. O de 2017 é prestado agora em 2018. Não tem nada de desvio de dinheiro”, garantiu.
A Operação Cartola é resultado de mais de seis meses de investigações e tem por objetivo apurar os crimes cometidos por uma organização composta por membros da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Comissão Estadual de Arbitragem da Paraíba (CEAF), Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba (TJD/PB) e dirigentes de clubes de futebol profissional do Estado da Paraíba (Cartolas).
Foi possível identificar a existência de dois núcleos principais, com aproximadamente 80 membros identificados, sendo o primeiro – liderança – formado por membros da FPF, CEAF e dirigentes de clubes de futebol profissional. Este núcleo (Cartola) é responsável pelas decisões mais importantes relacionadas ao meio do Futebol Paraibano e conta com uma sofisticada rede de proteção, elevado grau de articulação institucional.
O segundo núcleo identificado é formado por membros executores ligados à CEAF (arbitragem), funcionários da FPF e de clubes de futebol, que atuam segundo a direção, determinação do núcleo principal.
Dentre as principais condutas investigadas, destacam-se a manipulação de resultados de campeonatos de futebol, adulteração de documentos, interferência em decisões da justiça desportiva (TJD) e desvio de valores oriundos de partidas de futebol profissional.
Em face do sigilo das investigações, os detalhes sobre o modo de atuação dos investigados, individualização das condutas e demais características da presente organização só poderão ser divulgados posteriormente, após a conclusão da fase investigativa e análise de todo o material apreendido.
A Operação Cartola contou com o apoio fundamental de testemunhas dos fatos, com conhecimento detalhado das condutas praticadas, além do trabalho das equipes de monitoramento e vigilância da Polícia Civil, que analisaram centenas de documentos e realizaram diversas diligências durante os 06 meses de investigações. Outro aspecto importante a ser destacado está na competente e fundamental atuação da Justiça Criminal paraibana, através da 4ª Vara Criminal de João Pessoa, que analisou e deferiu as medidas cautelares relacionadas à operação.
Informações: Correio da Paraíba