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09/02/2024 às 00h38m - Atualizado em 09/02/2024 às 01h57m

Agronegócio pernambucano bate recorde de exportações em 2023

Houve um crescimento de 32% em comparação com o ano de 2022 e o Estado superou US$ 640 milhões de dólares em produtos enviados para outros países

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No ano de 2023, as exportações do agronegócio em Pernambuco apresentaram o melhor desempenho dos últimos 12 anos. Houve um crescimento de 32% em comparação com o ano de 2022 e o Estado superou US$ 640 milhões de dólares em produtos enviados para outros países.

De acordo com os dados da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Pernambuco (Faepe), os setores sucroalcooleiros e a fruticultura foram responsáveis por 92% desse montante. No total, os números mostram que o agronegócio representou 19% das exportações do Estado no ano passado.

O destaque ficou para a comercialização de açúcar, com os açúcares mascavo e refinado como protagonistas. Os destinos principais da exportação do produto são os Estados Unidos, Congo e Mauritânia. Em relação às vendas, ao comparar com o ano passado, houve uma alta de 27%. Ou seja, foram superados cerca de US$ 300 milhões de dólares.

Fruticultura irrigada

O Estado de Pernambuco é o maior exportador de frutas do Brasil. Só em 2023, cerca de US$ 294 milhões em frutas foram enviados para os países importadores. Isso significa um acréscimo de 47% em relação a 2022. A ênfase vai para as vendas de mangas e uvas produzidas no Vale do São Francisco. 

O Estado abastece a Holanda e o Reino Unido - além dos EUA - por meio do Porto de Rotterdam, localizado no sul da Holanda. Todo o crescimento das exportações tem um impacto significativo no Estado. 

De acordo com o economista da Faepe Marcus Melo, é preciso pensar nos dois cenários econômicos distintos que Pernambuco possui em relação às exportações: a  Zona da Mata Norte e Sul e o Vale do São Francisco. Ele explica que há um viés exportador diferente em cada área. 

“Nas Zonas da Mata Norte e Sul há uma forte predominância do cultivo da cana de açúcar. A plantação possui suas sazonalidades e há momentos no ano que a atividade emprega cerca de 60 mil pessoas. Além disso, a consequência também é vista no setor de serviços. A gente abre um leque de reflexos que o setor promove dentro da economia do Estado e toda essa cadeia gera emprego e renda para a região”, disse.

Por outro lado, o Sertão pernambucano é voltado para a fruticultura irrigada. Melo explica que esse tipo de produção depende das chuvas moderadas. Em 2023, o Vale do São Francisco recebeu chuvas mais previsíveis e isso possibilitou o recorde de exportações dos últimos 12 anos. 

“Petrolina possui uma forte geração de emprego promovida pela produção agropecuária. A cada dez empregos, três são do agronegócio. Cerca de 17% do PIB da cidade é só do setor primário - agricultura, pecuária e extrativismo - e em termos de comparação a média nacional gira em torno de 6%”, ressalta o economista. 

Impacto nos alimentos

Ele explica ainda que, assim, é possível observar a importância do setor na geração de renda da cidade. O agronegócio, reforça, também influencia o cotidiano das pessoas que vivem na capital pernambucana por meio da manutenção dos preços dos alimentos.

Segundo uma pesquisa feita pelo Dieese, Recife foi a segunda capital que apresentou o menor crescimento no valor das cestas básicas, ficando entre 4% e 5%. 
“Alimentação e as contas são as despesas que as pessoas que ganham 1 ou 2 salários costumam destinar parte do dinheiro. Com o aumento do salário mínimo e a queda da cesta básica, você consegue ter um aumento do consumo”, afirmou. 

Outro diferencial destacato pelo economista é a tecnologia usada pelo setor pernambucano. “A tecnologia que é utilizada na agricultura irrigada é destaque, ela é de ponta. Promove uma competitividade grande frente a outros países”, disse. 

A estabilidade também foi essencial para o recorde alcançado. Pernambuco possui uma produção de açúcar e álcool estável. “Nós temos, dentro das variações pluviométricas, um nível de exportação em uma média com pouca variância entre os anos do setor sucroalcooleiro”, explica Marcus. 

Nos últimos anos, houve um aumento da preocupação relacionada ao Meio Ambiente. As mudanças climáticas e os seus resultados catastróficos acenderam o alerta e incentivaram muitos setores da economia mundial a repensar suas formas de produção. No Brasil não foi diferente. O agronegócio brasileiro possui iniciativas que corroboram com a preservação ambiental.  

De acordo com Marcus Melo, os produtores rurais pernambucanos respeitam e cumprem as exigências da legislação ambiental brasileira. Antes de tudo, o produtor precisa deixar 20% da sua propriedade fora do seu potencial produtivo e, caso as terras estejam próximas a córregos ou rios, o percentual é alterado.

Além disso, é necessário realizar um Cadastro Ambiental Rural (CAR) anualmente. O registro gera uma unidade de reconhecimento da sua propriedade e é por meio desse cadastro que é possível identificar se as propriedades estão respeitando as diretrizes. 

Diferencial competitivo

O diferencial competitivo de Pernambuco foi um dos fatores essenciais para o crescimento das exportações. O Estado possui a melhor localização na região influenciando diretamente na logística.  Outro motivo de destaque é o desenvolvimento da pesquisa e tecnologia da região de fruticultura irrigada do Sertão. 

“Quando chove pouco ou quase nada, e você coloca uma fruticultura  irrigada, é possível ter uma previsibilidade de produção. Esse fator também contribui para esse grau de competitividade no nosso Estado”, analisa o economista. 

Ele lembra que em 2020, o Brasil enfrentou uma das maiores crises sanitárias da história do País. Por motivos de segurança, muitos setores tiveram suas atividades paralisadas a fim de preservar a saúde de milhares de pessoas. 

“Houve uma dificuldade, em Pernambuco, durante a pandemia porque o cultivo da uva e da manga dependem da mão de obra humana. Alguns protocolos sanitários foram estabelecidos no setor da fruticultura, dentre eles a instalação de pontos para higienização. Contudo, apesar da crise causada pelo vírus, a agropecuária não parou e aumentou sua participação no PIB brasileiro”, conta. Segundo Melo, o agro saiu mais forte da pandemia.

 

 

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