07/02/2024 às 08h05m - Atualizado em 08/02/2024 às 00h07m
Policiais Civis de Pernambuco anunciam paralisação durante o carnaval
Os agentes alegaram falta de negociações com o Governo do Estado durante o encontro realizado no Palácio do Campo das Princesas
Os policiais civis de Pernambuco anunciaram que irão paralisar as atividades a partir da próxima sexta-feira (9), véspera da data oficial do carnaval. O comunicado foi feito após uma reunião entre o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE) e representantes do Governo do Estado no final da tarde desta terça-feira (6), no Palácio do Campo das Princesas, no Recife.
Cerca de 3 mil policiais civis realizaram um protesto, saindo da sede do sindicato, localizada na Rua Frei Cassimiro, no bairro de Santo Amaro, até o Palácio do Campo das Princesas. O ato reuniu policiais legistas, papiloscopistas, delegados, comissários e escrivães. Este protesto já estava previsto desde o dia 23 de janeiro, quando foi anunciada uma paralisação de 24h por parte dos agentes da polícia.
A categoria alega falta de estrutura para trabalhar, equipe reduzida e salário não compatível com a profissão.
"Não houve sinalização de melhorias na estrutura da Polícia Civil para a gente investigar os crimes e diminuir a violência e nem na questão do efetivo. Nós temos um efetivo hoje menor do que 30 anos atrás. Temos policiais sobrecarregados e muitos adoecendo. O salário que nós recebemos hoje em Pernambuco é o pior salário do Brasil, não dá mais para continuar trabalhando em péssimas condições e ganhando o que a gente está ganhando", disse o presidente do Sinpol, Áureo Cisneiros.
De acordo com o Sinpol, por conta da paralisação, as atividades do Instituto de Medicina Legal (IML), também serão afetadas. No IML, o trabalho é prestado por peritos e médicos legistas.
A população deverá registrar os Boletins de Ocorrência (BOs) através da Delegacia Virtual. “Desde o ano passado que a gente vem pedindo uma audiência com a governadora e solicitando a abertura da negociação para a gente reestruturar para a Polícia Civil. Em janeiro tivemos 359 homicídios. Isso é um absurdo, isso é número de guerra civil", afirmou o presidente do Sinpol.
De acordo com o presidente do sindicato, Pernambuco deveria contar com 11 mil policiais civis, mas possui apenas 5.300, sendo que destes, 1.400 estão prestes a se aposentar.
“Pernambuco está um caos, a insegurança, roubos, homicídios estão batendo recordes. Já começamos janeiro batendo recorde. Então não podemos normalizar essa onda de violência que está aqui em Pernambuco. Pernambuco voltou a ser um dos estados mais violentos do país. Até agora não houve sinalização para que a gente melhorasse", afirmou Áureo.
Por meio de nota, o Governo de Pernambuco informou que "uma comissão do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE) foi recebida, nesta terça-feira (6), no Palácio do Campo das Princesas, por representantes da Casa Civil e da Secretaria de Administração (SAD). Mais uma vez, foi ressaltado que o Governo já abriu diálogo e que um cronograma para reabertura das mesas de negociações será apresentado ainda neste mês de fevereiro com o objetivo de discutir as pautas pleiteadas pela categoria".
Os policiais civis do estado fizeram uma paralisação de 24h e cruzaram os braços no dia 24 de janeiro após o resultado de uma reunião com representantes do Governo não agradar a classe. A paralisação foi intitulada de “Operação Padrão” e atingiu todas as atividades compreendidas ao exercício da função dos policiais civis.
Neste protesto, as atividades do ILM foram afetadas e ficaram mais lenta, pois os agentes da polícia impediram a saída dos corpos e colocaram um caixão em frente ao instituto. Nesta paralisação, a categoria saiu da reunião do Palácio do Campo das Princesas insatisfeita e prometeu continuar se mobilizando para cobrar do Poder Executivo melhorias à categoria.
Somente no mês de janeiro, Pernambuco contabilizou 359 casos de Mortes Violentas Intencionais (MVIs), ou seja, 11 mortes por dia. O número supera a série de ocorrências de 2023, quando em 365 dias foram contabilizados 3.623 casos, o que compreende a uma média de 9.9 assassinatos por dia no Estado.
Se comparado com o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 24,2%, quando em janeiro de 2023 foram contabilizados 289 casos.