29/01/2019 às 11h18m - Atualizado em 29/01/2019 às 18h02m
Obra do timbaubense Luiz Marinho é lançada pela Companhia Editora de Pernambuco
O dramaturgo nasceu no dia 8 de maio de 1926, no município de Timbaúba. Escreveu 14 obras teatrais, com as quais ganhou vários prêmios
Lançamento será nesta sexta, 1º de feveriro dentro da programação de Janeiro de Grandes Espetáculos
Teatro de Luiz Marinho – Obras correlatas é o título da coletânea de um dos dramaturgos mais encenados e premiados do Brasil, organizada pelo professor do Departamento de Literatura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Anco Márcio Tenório Vieira. A obra, que reúne quatro volumes, tem selo da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), e será lançada no dia 1º de fevereiro, às 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho, durante a realização da temporada 2019 de Janeiro de Grandes Espetáculos. Na sequência, às 20h, será encenada a peça O capataz de Salema, de Joaquim Cardozo.
De acordo com o presidente da Cepe, Ricardo Leitão, ao reunir a obra completa do dramaturgo, a empresa mostra o ineditismo da iniciativa: “Livros sobre autores teatrais e suas criações não são comuns nos catálogos das editoras brasileiras, raros ainda mais nas editoras nordestinas. A empresa não pensa assim”.
“O título vem na sequência de Teatro de Joaquim Cardozo – Obra completa e Don Juan – Don Giovani – Peça em 10 jornadas, de Marcus Accioly. Em planejamento, textos teatrais de Hermilo Borba Filho. Com tal priorização, busca a Cepe dar aos seus leitores a oportunidade de reler e ler – em edições de alto nível gráfico – uma das expressões mais ricas da cultura pernambucana: o seu teatro”, enfatiza Leitão.
Os quatro volumes foram divididos por estilo. No primeiro estão reunidas as peças regionalistas, tais como: Um sábado em 30 (a obra mais conhecida de Luiz Marinho), Aderradeira ceia, A afilhada de Nossa Senhora da Conceição, A incelença e A valsa do diabo. As peças regionais se encerram no segundo volume com Viva o cordão encarnado, A promessa e A estrada.
No terceiro volume Anco Márcio usou a denominação de peças psicoexistenciais e protosurrealistas para O último trem para os igarapés, Corpo corpóreo e As três graças. No quarto e último volume estão reunidas as peças infantis, que misturam o universo das fábulas com aventuras fantásticas, tais como: Foi um dia, Aventura do Capitão Flúor no reinado do Dente Cariado e A família Ratoplan.
Anco Márcio reuniu textos inéditos e raridades resgatadas de sebos literários, publicadas em livros e revistas, fragmentos e peças com versões diversas. Ele adotou as últimas alterações feitas pelo dramaturgo como critério para publicação. “A exceção foi Um sábado em 30, pois a primeira versão era a única completa”, explica. Aliás, essa peça, estreada em julho de 1963, permaneceu em cartaz por aproximadamente 30 anos. No Recife e em outras capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, a peça dirigida por Valdemar de Oliveira e encenada pelo Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP) fazia sucesso. Chegou a ser comparada pela revista Veja, ao sucesso de A ratoeira, de Agatha Christie, que teve mais de 13 mil encenações.
O trabalho de pesquisa, iniciado em 2009, foi gigantesco. O organizador contratou seis dos seus alunos de Literatura da UFPE para digitalizar o material, enquanto se debruçava para fazer a organização, introdução e notas. Em 2012, quando o livro já estava praticamente concluído, um curto-circuito colocou três anos de trabalho a perder, destruindo inclusive o backup. Todo o processo teve de ser refeito.
Sobre a obra do dramaturgo, o professor avalia o teatro de Luiz Marinho como uma construção criada a partir de memórias ficcionalizadas, ou seja, utilizou-as para criar as situações em que os personagens estavam envolvidos. Anco Márcio compara o processo criativo do dramaturgo com o do romancista francês Marcel Proust, cujo resgate de memória involuntária marcou sua obra e o tornou conhecido como o escritor que mais se apropriou da temática do tempo.
Sobre Luiz Marinho
O dramaturgo pernambucano nasceu no dia 8 de maio de 1926, no município de Timbaúba. Escreveu 14 obras teatrais, com as quais ganhou vários prêmios, incluindo o Molière, o da Academia Brasileira de Letras, o da Academia Pernambucana de Letras e o Estadual de Teatro (do então Estado da Guanabara). No seu trabalho procurava mostrar o universo social e cultural do Nordeste, retratando em livros e peças de teatro suas vivências da infância e adolescência no interior de Pernambuco. Luiz Marinho morreu no Recife em 3 de fevereiro de 2002.