24/01/2024 às 00h58m
- Atualizado em
24/01/2024 às 01h48m
Após um encontro com representantes do Governo do Estado na noite desta terça (23), no Palácio do Campo das Princesas, sede do Poder Executivo, o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE) prometeu uma paralisação de 24 horas a partir desta quarta (24) e ameaçam cruzar os braços no carnaval.
Denominada de “Operação Padrão”, a paralisação fará com que todas as atividades compreendidas ao exercício da função dos policiais civis sejam paralisada, após decisão da categoria em uma assembleia geral. Uma comissão de representantes do Sinpol e outras quatro entidades sindicais se reuniram com o secretariado estadual, no fim da noite desta terça.
Segundo o presidente do Sinpol, Áureo Cisneiros, no dia 6 de fevereiro, dois dias antes da abertura do Carnaval no Recife e em Olinda, a entidade sindical realizará um novo protesto, onde uma assembleia geral da categoria irá definir se haverá greve durante o período carnavalesco.
Durante a paralisação de 24 horas desta quarta (24), apenas ficará disponível à população, segundo o Sinpol, os serviços de liberação de corpos no Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, também na área Central da capital, onde o trabalho é prestado por peritos e médicos legistas.
Já os Boletins de Ocorrência (BOs) poderão ser prestados por meio da Delegacia Virtual.
O ato desta terça reuniu a presença de policiais legistas, papiloscopistas, delegados, comissários e escrivães.
Segundo o presidente do Sinpol, a Polícia Civil possui um déficit, atualmente, de quase seis mil policiais, o que resulta em lentidão para a investigação de crimes. "Deveríamos ter 11 mil policiais e hoje estamos com 5.300 e, desses, 1.400 com tempo para se aposentar. O DHPP tem mais de 10 mil inquéritos de homicídio sem investigar porque não tem gente", ressaltou.
Ainda de acordo com o diretor sindical, a categoria saiu da reunião do Palácio do Campo das Princesas insatisfeita e promete continuar se mobilizando para cobrar do Poder Executivo melhorias à categoria.
“Não saímos satisfeitos. Queremos uma negociação o mais rápido possível. Eles (Governo) precisam dar uma estrutura melhor à Polícia Civil. A corporação, hoje, está pedindo socorro. Nós temos um efetivo menor do que há trinta anos atrás. Temos cinco mil e trezentos policiais, quando éramos pra ter 11 mil agentes. Além disso, há um mil e quatrocentos policiais para se aposentar. A consequência da falta de estrutura da polícia é que a violência está explodindo, e as organizações criminosas já estão instaladas em várias regiões do Estado, amplamente disseminadas e se fortalecendo”, avaliou o presidente do sindicato.
Ainda segundo ele, a categoria segue em buscas de diálogo com o Governo do Estado e, segundo o diretor sindical, o intuito não é parar no Carnaval, mas garante que se as negociações não avançar, os policiais irão cruzar os braços.
“Porque estamos realizando esta advertência? Não queremos estragar o Carnaval. É importante que a população saiba que a culpa não é nossa, estamos tentando há muito tempo dialogar com o Governo. O problema é que o Governo não dá uma sinalização concreta de dialogar com a Polícia CIvil. Na reunião que fizeram conosco (no Palácio do Campo das Princesas) colocaram o secretariado de segundo escalão e disseram que irão abrir as negociações somente no dia 7 de março. Isso é um desrespeito e não vamos mais aturar isso”, disparou Áureo Cisneiros.
A reportagem do Diario de Pernambuco procurou as assessorias de Imprensa do Governo do Estado e da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) para saber se haveria um posicionamento por parte do Poder Executivo e da polícia sobre o assunto.
No entanto, até a última atualização desta matéria, não houve respostas.
Mudanças no comando da PC e da PM
A paralisação de 24 horas dos policiais civis de 24 horas acontece dois dias após os comandos da Polícia Militar e da Polícia Civil de Pernambuco passarem por mudanças a partir desta terça-feira (23). O coronel Ivanildo Cesar Torres de Medeiros assume o Comando Geral da Polícia Militar, em substituição ao coronel Tibério César dos Santos, e o delegado Renato Márcio Rocha Leite assume a chefia da Polícia Civil, cargo anteriormente ocupado pela também delegada Simone Aguiar. A informação foi repassada pelo Governo do Estado.
No anúncio das mudanças, a governadora Raquel Lyra ressaltou a importância do trabalho feito pelos coroneis
As mudanças chegam justamente num momento em que a segurança em Pernambuco foi colocada em xeque novamente. No último sábado, torcedores de Sport e Santa Cruz se enfrentaram na PE-15, em Paulista, horas antes do jogo que aconteceu em São Lourenço da Mata. O saldo foi de um policial militar e dois torcedores baleados, além da apreensão de artefatos explosivos, rojões e soqueiras.
Diário de Pernambuco